quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PARAGUAI BUSCA O BRASIL PARA MANTER EXPANSÃO E EMPREGO

O Paraguai entrou na onda dos países que buscam os empresários brasileiros para manter suas taxas de crescimento. Para isto, foi realizado ontem o evento Paraguay Invest, a fim de exibir as vantagens competitivas. Segundo a Rede de Inversiones y Exportaciones (Rede de Investimentos e Exportações - Rediex), TAM, Camargo Correa Cimento, Itaú e Petrobras já desfrutam das benesses subsidiadas pelo governo local.

Oscar Stark, diretor da Rediex, revela que o país vê o Brasil como o mais importante parceiro comercial. "Nosso esforço está praticamente todo concentrado no Brasil. Trabalhamos com a meta de que 50 empresas invistam no Paraguai com cerca de US$ 5 milhões cada uma até 2012", afirma.


De acordo com a Rediex, em 2010, US$ 413 milhões oriundos do Brasil foram aportados no Paraguai. O valor expõe um crescimento de quase 300% do que foi registrado cinco anos antes.


O país dispõe de dispositivos que diminuem o custo de produção e torna atrativos investimentos em empresas que fabricam artigos de maior valor agregado. Programas como a lei de Maquila, desoneram em quase 100% a cadeia produtiva de companhias que possuem caráter exportador. Apenas um tributo retém 1% sobre o valor final do produto. No entanto, a empresa se compromete em exportar no mínimo 90% de sua produção.


Stark entende que o país possui uma vantagem competitiva em comparação a outros na América do Sul. "O custo operacional é muito mais baixo. Desde os impostos até a mão de obra. O mesmo investimento no Paraguai rende muito mais do que o mesmo no Brasil. Isto está atraindo as empresas brasileiras", afirma.


Com uma inflação que beira 9% ao ano, o taxa de juros do país é elevada. De acordo com dados do Fundo Monetário Internacional (FMI), a estimativa de crescimento do produto interno bruto do país está em 6,4% para este ano. Para o próximo, a taxa de expansão da economia deve baixar para 5%. Crescimento mais elevado que o brasileiro, assim como a inflação. O FMI estima que a inflação fique em 8,7% em 2011 e em 7,8% no próximo.


Segundo o ministro de Indústria e Comércio, Francisco José Rivas Almada, as taxas de juros de diferentes setores da economia estão entre 10% e 15%. Portanto, empréstimos para financiar um empreendimento se tornam inviáveis com juros tão altos. A mão de obra também pode ser um problema. A população rural chega a 40%, e de acordo com dados fornecidos por Rivas Almada, o desemprego é de apenas 5%. Desta forma, o Paraguai cria alguns empecilhos para o empreendedor internacional.


Para Rivas Almada, o problema de mão de obra é resolvido pelo ingresso anual de mais de 200 mil jovens no mercado de trabalho, o que atenderia a demanda de novas companhias. "Existe uma boa quantidade de mão de obra jovem, com grande capacidade de aprendizado. Pouco investimento será voltado para a formação do trabalhador", diz o ministro.


Representando o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), a economista Denise de Andrade Rodrigues indica que o banco se disponibiliza para financiar projetos de empresários que vislumbrar ingressar no mercado paraguaio.


No entanto, os setores de infraestrutura, biocombustíveis e construção civil, tidos como de maior potencial de crescimento, demandam funcionários qualificados. Atualmente, essa qualificação está em falta até mesmo no Brasil. "Essa qualificação é relacionada à negociação. Deve ter um esforço para qualificar. Imagino que eles possam cumprir em uma negociação", diz Rodrigues.


Outro problema enfrentado pelo país, que abriga a sede do Mercosul, é a enorme dependência dos outros países que compõem o bloco. Sem saída para o mar, o Paraguai precisa utilizar estradas e linhas férreas das nações vizinhas. A dependência é tanta, que a fonte de energia elétrica do país é oriunda de duas usinas hidrelétricas binacionais. Itaipu, compartilhada com o Brasil, e Yaciretá, com a Argentina.


Mesmo com a sobreoferta de energia elétrica, ainda há problemas com a rede de distribuição, que afeta, principalmente, a capital Assunção. Problemas com a fiscalização na tríplice fronteira também é um empecilho no andamento do bloco econômico.


Em 2010, o Paraguai exportou ao todo US$ 5 bilhões. Segundo Oscar Stark, a metade foi enviada para países do bloco. "A exportação de produtos com valor agregado é direcionada ao bloco.", afirma. No último ano, apenas US$ 611,4 milhões foram importados pelo Brasil do Paraguai. Em contrapartida, US$ 2.547,9 milhões foram exportados.


Fonte: Diário do Comércio e Indústria

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