segunda-feira, 11 de julho de 2011

SECRETÁRIO PROMETE NOVA POLÍTICA INDUSTRIAL EM DUAS SEMANAS

Depois de inúmeros adiamentos, o novo prazo para o anúncio da política industrial do governo Dilma se firma como duas semanas ou no máximo começo de agosto. A garantia foi dada pelo secretário executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic), o economista gaúcho Alessandro Teixeira, que definiu o estágio do pacote como nos “detalhes finais”. As metas e quais serão as medidas mais contundentes para buscar maior competitividade do setor dependerão da palavra final da presidente da República, Dilma Rousseff. Inovação e aumento no nível do investimento em relação ao PIB serão alvos principais da política.
“Esta semana a presidente define o que falta”, projeta o gaúcho, que condicionou o tom da desoneração de impostos à situação fiscal da União e em relação às demais contas de transações. O corte de tributos será um dos recursos para ajustar as desvantagens das empresas locais frente aos custos mais baixos dos concorrentes estrangeiros, seja no mercado interno ou no externo. “Será uma parte importante da política, mas o espaço fiscal que poderemos mexer dependerá do governo. Todo tipo de desoneração dá mais competitividade”, alicerçou Teixeira.
O numero 2 do ministério descartou ainda que o conjunto de ações trabalhará com outro cenário de câmbio, cujo patamar atual é apontado como maior vilão hoje pelos segmentos industriais para a perda de competitividade. Entidades como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e mesmo a Federação das Indústrias do Estado (Fiergs), que ganha novo presidente nesta semana, o empresário Heitor Muller, intensificam as queixas da corrosão para os fabricantes nacionais diante da maior valorização do Real e maior ingresso de importados. “Até que ponto podemos dizer que o câmbio é um malefício? Para as exportações, a cotação restringe, mas há uma parte da indústria que importa componentes e os consumidores que ganham ao ter produtos mais baratos”, contrapõe.
Quando dirigia a Agência Brasileira de Promoção de Exportação e Investimentos (ApexBrasil), o agora secretário executivo considerava que a moeda americana dificilmente avançaria acima de R$ 2,00. A cotação mais recente é de R$ 1,58 a R$ 1,61. Restaria às empresas se adaptar. Mesmo assim, Teixeira assegurou que o pacote de incentivo fortalecerá a indústria nacional. O pilar central será a inovação, sem dar prioridade a setores e seguindo o Plano Plurianual (PPA), além da melhoria da infraestrutura, considerada um dos maiores adversários no aumento dos custos, e formação de mão de obra. Sem revelar metas gerais, Teixeira confirmou que o plano atual será balizador. “Não posso dizer se será igual, pois não batemos o martelo”. Dados do próprio governo indicam que menos de 2% das empresas investem em inovação. No comércio mundial, o País responde por 1,6% das trocas. Os investimentos têm se mantido abaixo de 20% do Produto Interno Bruto (PIB). A intenção é elevar esta participação.
Instrumentos como o Finame-PSI, operado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (Bndes) foi indicado como exemplo para apoiar industriais. O secretário executivo, que teve encontro na sexta-feira passada com a direção da área de Desenvolvimento e Investimento do governo estadual, evitou comentar a injeção de R$ 4 bilhões do BndesPar que asseguraria participação acionária e caixa na fusão do Carrefour e Pão de Açúcar no Brasil. “Isso é assunto da área operacional do banco”, desconversou o gaúcho, que é conselheiro da instituição. A operação é alvo de pesadas criticas por se tratar de um negócio eminentemente privado, com efeito na concentração do setor (ao criar o maior grupo de varejo do País) e que seria viabilizado com recursos mais baratos oriundos do Tesouro Nacional e Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), dois dos maiores caixas da instituição.


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