As estimativas de redução da safra atual de cana-de-açúcar praticamente acabam com o excedente de exportação de etanol justo no momento em que o mercado dos Estados Unidos se abre para o produto brasileiro. Na semana passada. o Congresso americano antecipou o fim dos subsídios a produção do combustível do país, que é feito a partir do milho.
Segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), as estimativas para o fechamento da safra no Centro- Sul é de um excedente mínimo de 1,35 bilhão de litros de etanol para a exportação, quantidade menor do que a demanda de consumo interna em um mês, que é de 2 bilhões de litros.
“Não há excedente”, afirma Sérgio Prado, representante da Unica. Segundo ele, a maior parte das exportações que serão auferidas este ano é residual, referente a negócios que foram fechados no passado e que deve ser absorvida pela indústria química.
Quase nada irá para o tanque dos carros americanos, o grande interesse do Brasil. Embora as épocas sejam diferentes, Prado observa o potencial de ganhos para as exportações nacionais caso a evolução da colheita de cana-de-açúcar tivesse crescido no ritmo médio de 10% ao ano desde o início do uso dos carros flex no país, em 2002. Ele lembra que, no pico da safra 2009/2010, o país chegou a exportar 5 bilhões de litros de etanol, sem deixar de atender a demanda interna e diante dos subsídios americanos ao etanol de milho.
Carro flex
Enquanto a produção de etanol não voltar aos patamares adequados, o excedente para exportações— pelo menos no Centro- Sul — deve permanecer baixo. Segundo dados da FederaçãoNacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), de janeiro a junho deste ano, foram vendidos no país 1,37 milhão de carros flex, um resultado 6% acima do mesmo período do ano passado. A projeção de analistas é de que a frota de veículos novos atinja a marca dos 3 milhões no final deste ano. Quase todos eles bicombustível.
A situação deixa os produtores em uma verdadeira sinuca de bico. “A demanda interna continuará forte, mas em um momento no qual a atratividade para o açúcar é grande no mercado internacional”, diz Mauricio Muruci, analista de açúcar e etanol da Safras e Mercado.
Fonte: Brasil Econômico
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